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MEMÓRIAS DE UM SÁDICO

Andando-Nas-Sombras

Depois daquela noite nunca mais fui o mesmo. O feitiço virou-se contra o feiticeiro. E você, que achava ser detentora da magia, provou do seu próprio veneno. Sabia tudo ao seu respeito. Me fiz de amigo fiel, confidente. Carinhoso, ouvinte, sabia o que te deixava insegura. Apenas para concretizar minha vingança, fui tudo que gostaria que eu fosse. Depois de uma sessão de cinema, a levei para casa. Bebemos um vinho, e ao som de um Blues melancólico tudo aconteceu. Peguei-a pelo pescoço e a apertei. As lágrimas rolavam pelos olhos deixando sua visão turva. A saliva misturada com sangue manchou minha roupa. Lamentei e esbravejei por isso : ” – Maldita! “. Lamentei também o fato de você não ter ido embora. Quis me manipular, ditar da sua pretensão e deu nisso. Sou frio e calculista. Sei disso. E se você, que está a ler esse meu breve relato, sem pausa e  sem remorso, ousar contar a alguém, tranque bem a porta depois, pois, quando menos perceber, farei parte dos seus dias, seus pensamentos e fantasias.

2:57

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São 2:57 e meus pensamentos giram em torno de como a vida é sacana. Muitas vezes prega peças, mas sempre te ensina. Sempre pensei de forma lógica, fria, calculando meus passos, meus atos e evitando acasos. Agora estou aqui, com seu corpo nu envolto a um lençol barato. Sempre linda pra mim, dorme como um anjo, e eu como o diabo, tenho planos pra ti. Tenho que ir antes que acorde. Sumir. Mas te observar não me deixa dar de costas pra sua inocência. Inocência essa que um dia, apesar de não lembrar, sei que tive antes de ser expulso do paraíso. Chegando aqui me entreguei aos ruídos, cores e sabores do proibido, e agora, as 3:10 dessa madrugada de domingo, vejo que por debaixo desse lençol, achei um novo sentido. Tiro a calça e me enrosco a você. Você, de cabelos esparramados no rosto, busto nu se arrepia ao me receber. E a lua, gigante pela fresta da janela ilumina nós dois. O antes. O durante. O depois.