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CORTINAS COMO TESTEMUNHA

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Lembro-me daquelas cortinas como se fosse hoje.

Uma festa, tudo aconteceu naquela festa.

Lá eu fui o que nunca pensei ser. O lado mais obscuro em mim eu visitei.

Passaria apenas mais um fim de semana naquela cidade. Meu voo já estava marcado. Ossos do ofício. Tinha sido remanejada para uma nova unidade de uma famosa agência de publicidade.

Fui a essa festa, a convite de uma amiga, usava um vestido branco que caia bem em minha pele morena recém bronzeada.

De última hora ela me ligou dizendo passar mal. Fiquei chateada, afinal, além de termos combinado relembrar os velhos tempos, detestava me sentir deslocada. Tanta gente estranha. Sedutora.

Dançavam com elegância, porém eu sentia no ar que a  verdadeira festa na verdade aconteceria mais tarde.

Tal olhar sobre os outros começou a me incomodar e decidi ir embora.

Antes de pegar o carro e partir, sinto vontade de ir ao banheiro e rapidamente me dirijo ao andar de cima do casarão da festa.

Subo os degraus e vejo um longo corredor. Vou seguindo e ouço uma música que  chama a minha atenção.

Vejo aquela figura no piano. Toca maravilhosamente bem.  Ele percebe que eu o observo.

Ele para. Levanta-se e de costas para mim pede que eu me aproxime.

Não sabia o  que fazer, afinal seria deselegante sumir e não atendê-lo.

Ao me aproximar ele se vira. Nunca vi olhos tão intensos. Pele negra, covas no rosto que ao sorrir eram mais evidentes.

Ele percebe que seu olhar me deixa desconcertada.

Não sei o que ele me fez e o que eu fiz a mim mesma.

Quando percebo estou agarrada naquelas cortinas vermelhas.

Em pé me agarro a elas para que eu não caia.

Ele está abaixado, dedilhando meu clítoris de um modo nunca antes sentido. Sua língua percorre a parte interna de minhas coxas.

Sinto um arrepio que faz minhas pernas tremerem e sem conseguir fugir daquela sensação me rendo.

Isso! É  só aquela noite, só  aquelas cortinas como testemunhas.

Ele me chupa com vontade e gozo em sua boca.

Ele se levanta, me beija com intensidade para que eu sinta meu gosto nele e vejo que está ali por mim. Ao meu dispor.

Mas não quero apenas isso. Não quero sentir prazer apenas. Quero que ele perca o controle também.

Abro sua calça, o pau tão duro que me assusta. Não quero desapontar.

Chupo a glande como se fosse um sorvete. E esse sorvete, se não for ágil o bastante pode derreter sobre minhas mãos. Não posso desperdiçar nada.

Procuro sugar e colocar o máximo que posso na boca. Dane-se o vestido. Saliva e ele escorre sob minha roupa.

Ele vibra, parece urrar baixinho. Vejo que sua respiração fica intensa.

Ele me deita no chão, afasta minha calcinha de renda e enfia em mim.

Estou tão molhada. A tensão é tão grande que dou graças ao universo que ele esteja dentro de mim.

Numa constante nos entregamos ao momento. Não nos conhecemos, mas a química é grande e sabemos que queremos muito mais e o ritmo intensifica, e ele me fode como um louco. E eu cada vez mais o provoco como um ser mais louco ainda.

Por um segundo eu penso: “Felizes são os loucos. Somos loucos e não vamos fazer disso pouco.”

Subo sobre ele e galopo como se estivesse numa batalha. E estava. Numa batalha de superação. Queria gozar. Queria gozar como nunca com aquele estranho. Com aquele sorriso sacana que dizia que sabia que eu queria, que eu me renderia.

Me derreto sobre ele. Ele sai de mim e jorra sobre meu peito toda a sua satisfação. Ficamos ali os dois. Sinto que a porra em meu peito começa a repuxar minha pele. Ele já está parcialmente vestido.

Pega a champanhe sobre o piano, bebe um último gole e me dá o que sobra da garrafa. Ergo-me com esforço. Não queria sair dali. Parecia que saindo do estado que estava, entraria numa realidade que me assustava.

Ele me deu um beijo nos lábios. Tirou um lenço do bolso. Molhou com champanhe. Limpou meus seios com o lenço e o guardou novamente no bolso.

Pegou o casaco e lentamente foi se distanciando. Ele deixou comigo um cartão. Nele tinha um e-mail convidativo.

Convidativo e conhecido. O estranho, justo aquele estranho era CEO da agência da qual iria trabalhar.

Gelei.  Ainda sim me desafiei. Sabia que minha pequena transgressão não acabaria logo ali.

Bebo o resto da champanhe e  termino de me vestir. Tiro a calcinha molhada, escondo -a  atrás das cortinas e vou embora, pois tenho voo marcado para o dia seguinte.

Deixo as testemunhas para trás e sigo com lascívia ao futuro que me espera.